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É ouro para o IFMG Ribeirão das Neves! Campus conquista medalhas na Jornada de Foguetes da OBA 2024

Equipes do campus terminaram a competição em 4º e 8º lugar, entre 64 equipes.
por Gabriela Nunes publicado: 12/08/2024 13h55, última modificação: 12/08/2024 13h55

O Campus Ribeirão das Neves fez história na Jornada de Foguetes da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) 2024. As duas equipes do ensino médio, Andrômeda e Balerion, garantiram medalhas de ouro, ficando entre as 10 melhores equipes da competição.

A Jornada de Foguetes, realizada anualmente em Barra do Piraí - RJ, é um verdadeiro show de conhecimento e criatividade. Esse evento, que representa o ápice da competição nacional de lançamento de foguetes de garrafa PET, proporciona aos jovens uma oportunidade única de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, estimulando a criatividade, o trabalho em equipe e o interesse pelas áreas de ciência e tecnologia. Para chegar até lá, os participantes precisam superar diversas etapas, desde a construção dos foguetes até a participação na Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), demonstrando suas habilidades em engenharia e aerodinâmica.

A conquista da medalha de ouro foi um momento de muita alegria e realização para Emanuelle, integrante da equipe Balerion, que viu todo o seu esforço recompensado. “Me senti muito feliz e realizada, porque vi que todo o esforço e dedicação que usei para aprender sobre foguetes foram úteis e validados. Aprendi várias coisas relacionadas à física, química e até mesmo à biologia. O que com certeza vou levar para a vida é que o estudo e a dedicação abrem portas e oferecem oportunidades inimagináveis". Emanuelle destaca também a importância de compartilhar o conhecimento: “Uma frase de uma das palestrantes me chamou muita atenção: ‘Se o conhecimento não for repassado, não vale de nada’. Só tenho a agradecer a Deus e a todos que me apoiaram nessa jornada".3.jpg

A participação na Jornada Brasileira de Foguetes foi um marco na vida de Igor Caetano. “A experiência me proporcionou uma troca de conhecimentos com pessoas de diversas regiões do Brasil e me inspirou aprofundar mais nos estudos de Astrofísica e Astronomia, e hoje em dia tenho interesse de conhecer melhor o curso de Engenharia Aeroespacial ou de dar continuidade em meu curso técnico na graduação cursando Engenharia Elétrica”. Para Igor, a Jornada Brasileira de Foguetes foi muito além de um simples concurso. “Foi uma oportunidade de aprender, crescer e fazer novos amigos. Tivemos que aprender a lidar com opiniões diferentes e a buscar soluções através do diálogo e da paciência”, afirma o estudante, que destaca os desafios enfrentados pela equipe Balerion e a importância do trabalho em equipe para alcançar os objetivos. “A experiência me motivou a seguir meus estudos e a buscar cada vez mais conhecimento nas áreas de ciência e tecnologia”, completa Igor.

Segundo Rayka, integrante da equipe Andrômeda, “Quando vimos que ganhamos ouro, o sentimento foi de muita alegria, ficamos sem acreditar, a sensação de que todo esforço e trabalho tinha valido a pena foi recompensador, muito emocionante. A Jornada de Foguetes me mostrou a importância do esforço e dedicação. Começamos no final do ano passado atingindo no máximo 50 metros, sem ter ideia de como fazer um foguete propriamente, e a partir de muito esforço, pesquisa, testes, e também com grande ajuda do nosso professor de física, Alberto, atingimos os 263 metros que nos deu o ouro, essa evolução é algo que vou levar para vida. Essa experiência me abriu um novo olhar em relação à ciência, me despertou curiosidade em diversas áreas da física, como aerodinâmica e também astronomia, planejo continuar construindo foguetes e aprendendo coisas novas” afirma a estudante, que vê nas olimpíadas científicas uma oportunidade única de desenvolvimento pessoal e profissional.

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Maria Eduarda descreve a experiência como transformadora: “Durante a competição, enfrentamos alguns desafios significativos. Um dos principais foi a gestão do tempo, pois tínhamos prazos curtos para completar nossas tarefas e isso exigiu um planejamento minucioso. Durante a preparação, conseguimos dividir as tarefas de acordo com as habilidades de cada um, o que tornou o processo mais eficiente. Além disso, as dinâmicas de grupo nos ajudaram a fortalecer nossos laços e a criar um ambiente de apoio mútuo. A experiência de competir juntos também nos uniu ainda mais, pois celebramos as vitórias e superamos as dificuldades como um verdadeiro time”. O professor Alberto também foi essencial em todo processo, segundo Maria Eduarda: “Outro desafio foi a pressão da competição em si, que nos deixou ansiosos, mas também nos motivou a dar o nosso melhor. O professor Alberto foi fundamental para o nosso sucesso, sempre nos incentivando e guiando nossos passos, incentivando nossa criatividade e autoconfiança, sempre nos lembrando da importância de aprender com cada etapa do processo, independentemente do resultado final. Essa jornada me mostrou o quanto sou capaz e me inspirou a buscar novos desafios”

Confira abaixo uma entrevista com o professor Alberto Luiz de Paula Junior, orientador das equipes.

Quantos estudantes participaram da Jornada este ano?

Neste ano participaram 4 estudantes, divididos em duas equipes. 

Equipe Andrômeda: Maria Eduarda da Silva Pereira e Rayka Vitória do Amarante Barbosa, ambas da turma de ADM 2;

Equipe Balerion: Emanuelle Vitória Elias Alves e Igor Caetano Tibério Figueiredo, ambos da turma de ELETRO 2;

 

Quais foram os principais desafios enfrentados durante a preparação para a jornada de foguetes?

Para a preparação tivemos vários desafios, o principal é a área para lançamentos e treinos. O ideal é ter um espaço aberto amplo e plano.

Nossos treinos foram no terreno ao lado do campus, é um espaço aberto, porém não é plano. Isso dificulta um pouco a fixação da base de lançamento (ela nem sempre ficava na posição ideal) e as medidas dos nossos alcances nem sempre eram precisas, pois essa medida sempre tem que ser feita no mesmo nível horizontal da base. Além do nosso local de treinamento, tivemos a dificuldade do tempo de treinamento, muitas vezes usamos os horários de almoço para treinar. Os alunos saíam às 11:10 na quarta-feira e ficávamos até às 13h treinando e só depois íamos almoçar. Em outros momentos usávamos a sexta-feira à tarde para fazer os lançamentos.

Um outro ponto que merece destaque é a questão dos recursos financeiros, eu fiquei com o custo da construção da base de lançamento e dos materiais usados nos lançamentos (bicarbonato de sódio e vinagre) e os alunos ficaram com o custo da construção dos foguetes. E na maioria das vezes os foguetes são danificados em cada lançamento, então tinham que encontrar novas garrafas retornáveis e reconstruí-los novamente. Isso acabava pesando um pouco no bolso dos nossos estudantes. Paralelo a isso teve todo o processo de conseguir recursos para custear a inscrição no evento, e conseguir pagá-la no tempo hábil. Esse foi um grande desafio enfrentado pelo campus, mas que no final, após muita luta e empenho, acabou dando tudo certo. 

 fase de teste dos foguetes

Como foi o processo de orientação e treinamento das equipes?

Desde a competição interna (MOBFOG) eu dei dicas para os alunos de como os foguetes deveriam ser construídos. Falei que deveria ser usado garrafas retornáveis para evitar que os foguetes explodissem. E deixei eles livres para criar os modelos que desejassem. Assim que me mostravam os foguetes prontos discutimos questões sobre aerodinâmica e centro de massa. A ideia é criar um foguete leve, mas que tenha um pouco de peso na ponta para que ele execute um voo estável. Além da construção do foguete, treinamos colocar o bicarbonato de sódio e o vinagre dentro do foguete sem que eles reajam. Para isso colocamos o vinagre dentro de um balão dentro do foguete, separando-o do bicarbonato. E depois de acoplar o foguete na base de lançamento o balão estoura e a reação começa a ocorrer. Durante esse processo sempre monitoramos a pressão do sistema. E assim que a reação acabava o foguete era lançado. 

Fizemos esse processo exaustivamente, debaixo do Sol quente, na hora do almoço ou nas sextas a tarde, até que a técnica fosse dominada. A cada lançamento eram feitas pequenas modificações no foguete, a fim de encontrar um foguete ideal.  E sempre após os lançamentos eram feitas discussões em que pontos poderíamos melhorar.

 

Quais habilidades e conhecimentos você acredita que foram mais importantes para o sucesso das equipes?

Primeiramente o trabalho em equipe, é muito difícil fazer esse processo sozinho. Então os estudantes tiveram que aprender a trabalhar em equipe. Cada membro da equipe ficava responsável por uma parte da construção do foguete, um membro fazia a coifa (bico do foguete) e o outro as aletas (asas do foguete). E a própria fixação na base era feita em conjunto.

E em segundo lugar, a gente conversava muito sobre questões técnicas dos foguetes em si. Aprenderam sobre centro de massa, centro de pressão e lançamento de projétil, assuntos que dificilmente conseguimos discutir em sala de aula. E discutimos sobre o efeito da resistência do ar, algo que sempre é desprezado nos problemas teóricos da física. E é claro, que não podemos esquecer a parte de química presente na reação de bicarbonato de sódio e vinagre. Então os estudantes aprenderam muito de física e química de forma prática e interdisciplinar.

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Qual foi a sua reação ao saber que as equipes conquistaram medalhas de ouro?

Foi uma felicidade imensa! Na competição a gente lança foguetes em dois dias. Eles consideram o maior alcance dos dois dias para a premiação. E a premiação é feita da seguinte forma, acima de um certo alcance a equipe é premiada com medalha de ouro. É claro que essa nota de corte depende do desempenho de todas as equipes. E já no primeiro dia nossos lançamentos foram excelentes, as duas equipes tiveram alcances acima de 250m. E para mim esse valor já garantiria o ouro. Mas eu fiquei na expectativa de ficar entre as 10 melhores equipes.

Foi na quinta-feira, na cerimônia de premiação que tudo se confirmou. Nossas duas equipes ficaram entre as 10 melhores equipes de um total de 64 equipes. Sendo que uma equipe ficou 4º lugar geral com um lançamento de 289m e a outra equipe ficou em 8º lugar geral com um lançamento de 264m. Na hora eu fiquei muito emocionado e super feliz com o resultado. Pensando que todas aquelas horas debaixo do Sol foram recompensadas. 

 

Como você vê o impacto dessa conquista na motivação dos alunos e na reputação do campus?

Esse tipo de competição já gera um engajamento muito grande nos nossos estudantes. Mas agora com esses resultados isso vai aumentar astronomicamente. E isso só vai elevar o nosso nível, nosso primeiro lançamento há dois anos conseguimos 40m de alcance, ano passado chegamos a 150m e esse ano com segurança e controle já passamos de 250m. E o nosso campus entra de vez para esse tipo de competição. Muitos professores no evento comentavam que os institutos federais são muito bons. E nós ficamos em 2º lugar dentre os IF, um resultado excepcional.

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Quais são os próximos passos para as equipes após essa vitória?

Primeiro, faremos um breve descanso. Foi tudo muito intenso. Mas a proposta é que a gente faça oficinas tanto em nosso campus quanto em outras escolas de Ribeirão das Neves ensinando os estudantes a construir e lançar os foguetes de garrafa PET. Quero fazer melhorias na nossa base de lançamento, melhorar nossa técnica de lançamento. E para o fim deste ano pretendemos começar a lançar foguetes de propulsão sólida. Este é o próximo nível na competição de lançamento de foguetes.

Para finalizar, gostaria de agradecer a todos do campus que se esforçaram para que a gente estivesse lá. Agradecer a Maria Eduarda, Rayka, Emanuelle e Igor pelo empenho e resultado, acredito que esse evento e experiência ficará marcado na vida de cada um. Gostaria também de agradecer a todos estudantes que participaram da MOBFOG, que abraçaram a ideia e dizer que ano que vem tem mais e que conto todos vocês novamente.