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IFMG tem primeira patente registrada
“Na natureza, a coelha faz o parto numa toca, que ela cava em um local escondido, tampa a entrada com mato e só volta para amamentar os filhotes. A ideia é oferecer um ninho simulando essas condições, mais escuro e abaixo do piso da gaiola”. Assim o professor Luiz Carlos Machado, do Campus Bambuí, define o “ninho-toca para coelhas”, que busca simular as condições naturais ao animal, seja no ambiente doméstico ou de produção.
O pequeno recipiente, no entanto, foi muito além de auxiliar na reprodução desses lagomorfos. O ninho-toca tornou-se, em 2021, o primeiro registro de patente do IFMG. Isso significa que o produto pode vir a ser comercializado e gerar receitas à Instituição.
Construído a partir de um comedouro de aves adaptado (mais detalhes nos links abaixo) o ninho segue uma tendência, especialmente em países mais desenvolvidos, que é a preocupação com o bem-estar animal e a melhoria de seu repertório comportamental. “Temos que procurar alternativas para que esse ambiente seja o mais próximo do natural. Isso serve para animais de laboratório, produção ou companhia”, destaca o professor.
O projeto
Esse projeto nasceu entre os anos de 2012 e 2013, e consistia no desenvolvimento de novos recintos para coelhos, considerando o ambiente produtivo e principalmente o doméstico. Segundo Luiz, a cunicultura pet, que é o uso de coelhos de companhia, cresceu muito e o animal está cada dia mais presente nas casas brasileiras.
O ninho-toca foi desenvolvido dentro do projeto das gaiolas inteligentes, que durou cerca de dois anos. Os estudos sobre o comportamento dos animais nesses recintos foram publicados em alguns trabalhos no Brasil e também no exterior (links abaixo). O pedido de patente foi feito em 2014 e o professor lembra que apenas a primeira parte do projeto foi executada. Haveria uma segunda etapa, para aperfeiçoar os protótipos, tornando-os mais leves para o uso nas casas, mas dificuldades surgidas ao longo dos trabalhos inviabilizaram sua continuação.
Referência
O Campus Bambuí é referência nacional em cunicultura há mais de 10 anos e responsável pela publicação da Revista Brasileira de Cunicultura. A unidade foi sede da Associação Brasileira Científica de Cunicultura até 2019 e publicou o Boletim de Cunicultura por três anos. Desde 2010, ano em que foi instalado o coelhário, já foram atendidos, gratuitamente, centenas de cunicultores, tanto presencialmente, quanto por mídias sociais e telefone.
Infelizmente, devido a dificuldades com estrutura e aquisição de ração para os animais, o coelhário da unidade está desativado, momentaneamente, desde o último mês de junho. O espaço de 100m² encontra-se, hoje, vazio. “Nosso coelhário sempre teve o intuito de produzir animais para o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. Fomos resilientes por muitos anos e continuamos com as atividades de cunicultura, mas, agora, na divulgação do nosso trabalho junto aos produtores, que nunca vai parar, pois somos referência na área”, explica o professor Luiz Carlos Machado, que também é responsável pelo “Dr. Cuni”, canal no Youtube com quase quatro mil inscritos.
NIT
A obtenção da patente foi possível pela atuação do Núcleo de Inovação Tecnológica do IFMG (NIT), cuja função é intermediar a proteção da propriedade intelectual desenvolvida no Instituto e facilitar o licenciamento de tecnologia para empresas interessadas. O Núcleo é responsável pela gestão da inovação, avaliando os critérios de proteção das pesquisas desenvolvidas e auxiliando os pesquisadores em todo processo de proteção. Também atua no procedimento de registro de marca, patente, software, desenho industrial, cultivar e demais segmentos da propriedade intelectual do IFMG.
Estão abertas as inscrições para o Edital para registro de patentes no IFMG. Acesse
PUBLICAÇÕES
• Relato de caso, publicado na Revista Brasileira de Cunicultura
• Resumo expandido sobre gaiola inteligente e ninho toca (pág. 172 a 179) e gaiolas para machos (pág. 158 a 165) em publicação da Universidad Autónoma del Estado de Mexico