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Dupla vitória: Campus Ribeirão das Neves garante medalhas de ouro na Jornada de Foguetes da OBA 2024

No total, a competição reuniu 64 equipes de todo o Brasil. Campus Ribeirão das Neves garantiu o top 10 entre as melhores equipes.
publicado: 28/08/2024 06h26, última modificação: 28/08/2024 10h38

A Jornada de Foguetes da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) 2024 foi especial para quatro estudantes dos cursos de Administração e Eletroeletrônica do Campus Ribeirão das Neves. As equipes Andrômeda e Balerion garantiram medalha de ouro, ficando entre as 10 melhores equipes da competição.

A etapa nacional do evento, realizado anualmente em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, estimula a criatividade, o trabalho em equipe e o interesse pelas áreas de ciência e tecnologia por meio do lançamento de foguetes produzidos com garrafa PET. Anteriormente a isso, os participantes competem na Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), demonstrando suas habilidades em engenharia e aerodinâmica.

Os membros das equipes são: Maria Eduarda da Silva Pereira e Rayka Vitória do Amarante Barbosa (equipe Andrômeda); Emanuelle Vitória Elias Alves e Igor Caetano Tibério Figueiredo (equipe Balerion).

Segundo Emanuelle Alves, da equipe Balerion, a recompensa pelo esforço veio traduzida na medalha de ouro. “Me senti muito feliz e realizada, porque vi que todo o esforço e dedicação que usei para aprender sobre foguetes foram úteis e validados. Aprendi várias coisas relacionadas à física, química e até mesmo à biologia. O que com certeza vou levar para a vida é que o estudo e a dedicação abrem portas e oferecem oportunidades inimagináveis”, disse ela ao destacar uma frase que acabou marcando. “Uma frase de uma das palestrantes me chamou muita atenção: ‘Se o conhecimento não for repassado, não vale de nada’. Só tenho a agradecer a Deus e a todos que me apoiaram nessa jornada", falou Emanuelle.

Para o estudante Igor Caetano, a participação na Jornada Brasileira de Foguetes foi um marco de vida. “A experiência me proporcionou uma troca de conhecimentos com pessoas de diversas regiões do Brasil e me inspirou aprofundar mais nos estudos de Astrofísica e Astronomia. Hoje em dia, eu tenho interesse de conhecer melhor o curso de Engenharia Aeroespacial ou de dar continuidade em meu curso técnico e evoluir para a graduação em Engenharia Elétrica”, disse ele ao revelar suas aspirações acadêmicas.

Integrante da equipe Andrômeda, Rayka Barbosa, falou sobre o momento em que receberam a notícia de que haviam ganhado a medalha de ouro. “Quando vimos que havíamos ganhado o ouro, sentimos uma imensa alegria e ficamos sem acreditar. A sensação de que todo o esforço e trabalho tinham valido a pena foi extremamente recompensadora e emocionante. A Jornada de Foguetes me mostrou a importância do esforço e da dedicação. Começamos no final do ano passado com um alcance máximo de 50 metros, sem saber como construir um foguete adequadamente. Com muito esforço, pesquisa, testes e a grande ajuda do nosso professor de Física, Alberto, conseguimos atingir 263 metros, o que nos garantiu o ouro. Essa evolução é uma experiência que levarei para a vida toda e que me proporcionou uma nova perspectiva sobre a ciência, além de ter despertado minha curiosidade por diversas áreas da Física, como aerodinâmica e astronomia. Planejo continuar construindo foguetes e aprendendo coisas novas, vendo nas olimpíadas científicas uma oportunidade única de desenvolvimento pessoal e profissional”, disse a jovem estudante.

A experiência, descrita como transformadora por todos eles, também trouxe uma reflexão para a estudante Maria Eduarda Pereira. “Durante a competição, enfrentamos desafios significativos, como a gestão do tempo, que exigiu um planejamento rigoroso devido aos prazos curtos. Dividimos as tarefas conforme as habilidades individuais, tornando o processo mais eficiente. As dinâmicas de grupo fortaleceram nossos laços e criaram um ambiente de apoio mútuo, unindo-nos ainda mais enquanto celebrávamos vitórias e superávamos dificuldades como um verdadeiro time”, falou. 

Maria Eduarda destaca que a pressão da competição, embora ansiosa, também os motivou. “O professor Alberto foi crucial, incentivando nossa criatividade e autoconfiança, e nos lembrando da importância de aprender com cada etapa. Essa experiência me mostrou minha capacidade e me inspirou a buscar novos desafios”, finalizando sobre a experiencia na OBA 2024.

A orientação das equipes Andrômeda e Balerion foi realizada com sucesso pelo professor Alberto Luiz de Paula Junior. Confira abaixo, a entrevista feita pelo setor de Comunicação do Campus Ribeirão das Neves:

Quantos estudantes participaram da Jornada este ano?

Neste ano participaram quatro estudantes, divididos em duas equipes: Andrômeda (Maria Eduarda da Silva Pereira e Rayka Vitória do Amarante Barbosa) e Balerion (Emanuelle Vitória Elias Alves e Igor Caetano Tibério Figueiredo), dos cursos Administração e  Eletroeletrônica, respectivamente. 

Quais foram os principais desafios enfrentados durante a preparação para a Jornada de Foguetes?

Para a preparação tivemos vários desafios. O principal é a área para lançamentos e treinos, onde o ideal é ter um espaço aberto, amplo e plano. Sendo assim, nossos treinos foram feitos no terreno ao lado do Campus: um espaço aberto, porém, infelizmente não é plano. Isso dificultava um pouco a fixação da base de lançamento, pois ela nem sempre ficava na posição ideal. Além disso, as medidas dos nossos alcances nem sempre eram precisas, tendo em vista que elas devem ser feitas no mesmo nível horizontal da base. 

Outra dificuldade que tivemos foi o tempo de treinamento! Muitas vezes acabávamos usando os horários de almoço para treinar. Às quartas-feiras, por exemplo, os alunos saíam às 11h10, e nós ficávamos treinando até às 13h, só almoçando depois. Em outras ocasiões, utilizávamos a tarde de sexta-feira para realizar os lançamentos. Outro ponto que merece destaque é a questão dos recursos financeiros. Eu assumi o custo da construção da base de lançamento e dos materiais usados (bicarbonato de sódio e vinagre). Já os alunos ficaram responsáveis pela construção dos foguetes, que na maioria das vezes acabavam sendo danificados em cada lançamento. Assim, eles precisavam encontrar novas garrafas retornáveis e reconstruí-los, o que pesava no orçamento dos estudantes. Paralelamente, houve o desafio de conseguir recursos para a inscrição no evento e pagá-la a tempo. No final, após muita luta e empenho, tudo deu certo.

Como foi o processo de orientação e treinamento das equipes?  

Desde a competição interna (MOBFOG), dei dicas aos alunos sobre como construir os foguetes. Recomendei o uso de garrafas retornáveis para evitar explosões, deixando-os livres para criar os modelos que desejassem. Após me apresentarem os foguetes, discutíamos questões de aerodinâmica e centro de massa. A ideia era criar um foguete leve, mas com um pouco de peso na ponta para garantir um voo estável.  Além disso, treinamos a inserção do bicarbonato de sódio e do vinagre no foguete sem que reagissem prematuramente. Após acoplar o foguete na base de lançamento, o balão estourava, iniciando a reação. Durante todo o processo, monitorávamos a pressão do sistema, e assim que a reação terminava, o foguete era lançado.

Repetimos esse processo exaustivamente, sob o sol quente, na hora do almoço ou às sextas-feiras à tarde, até que a técnica fosse dominada. A cada lançamento, fazíamos pequenas modificações no foguete para encontrar a configuração ideal. Sempre após os lançamentos, discutíamos os pontos que poderiam ser melhorados. 

Quais habilidades e conhecimentos você acredita que foram mais importantes para o sucesso das equipes?

Primeiramente, o trabalho em equipe é fundamental, pois é muito difícil realizar esse processo sozinho. Os estudantes precisaram aprender a colaborar em equipe. Cada membro ficou responsável por uma parte da construção do foguete: um fazia a coifa (bico do foguete) e outro as aletas (asas do foguete). A fixação do foguete na base também era realizada em conjunto. E, em segundo lugar, conversávamos bastante sobre as questões técnicas dos foguetes. Os estudantes aprenderam sobre centro de massa, centro de pressão e lançamento de projétil, temas que raramente conseguimos abordar em sala de aula. Também debatemos o efeito da resistência do ar, algo que geralmente é desprezado nos problemas teóricos de física. Além disso, não podemos esquecer a química envolvida na reação entre bicarbonato de sódio e vinagre. Assim, os estudantes aprenderam física e química de forma prática e interdisciplinar.

Qual foi a sua reação ao saber que as duas equipes conquistaram medalhas de ouro?

Foi uma felicidade imensa! Na competição, os foguetes são lançados em dois dias, e o maior alcance dos dois dias é considerado para a premiação. A premiação funciona assim: acima de um certo alcance, a equipe é premiada com medalha de ouro, sendo que essa nota de corte depende do desempenho de todas as equipes. Já no primeiro dia, nossos lançamentos foram excelentes, com ambas as equipes alcançando distâncias superiores a 250m. Para mim, esse valor já garantiria o ouro, mas eu estava ansioso para ficar entre as 10 melhores equipes.

Foi na quinta-feira, durante a cerimônia de premiação, que tudo se confirmou. Nossas duas equipes ficaram entre as 10 melhores, de um total de 64 equipes. Uma equipe conquistou o 4º lugar geral com um lançamento de 289m, e a outra ficou em 8º lugar geral com um lançamento de 264m. Naquele momento, fiquei muito emocionado e extremamente feliz com o resultado, pensando que todas aquelas horas sob o sol foram recompensadas.

Como você vê o impacto dessa conquista na motivação dos alunos e na reputação do campus?

Esse tipo de competição já gera um grande engajamento entre nossos estudantes, mas agora, com esses resultados, isso vai aumentar exponencialmente. Isso só elevará ainda mais o nosso nível. No nosso primeiro lançamento, há dois anos (2022), alcançamos 40m; no ano passado (2023), chegamos a 150m; e, neste ano, com segurança e controle, superamos 250m. Nosso campus está definitivamente consolidado nesse tipo de competição. Muitos professores no evento comentaram que os institutos federais são excelentes, e ficamos em 2º lugar entre os IFs, um resultado excepcional.

Quais são os próximos passos para as equipes após essa vitória?

Primeiro, faremos um breve descanso, pois tudo foi muito intenso. A proposta é realizar oficinas tanto em nosso campus quanto em outras escolas de Ribeirão das Neves, ensinando os estudantes a construir e lançar foguetes de garrafa PET. Pretendemos melhorar nossa base de lançamento e aperfeiçoar nossa técnica de lançamento. Além disso, até o fim deste ano, planejamos começar a lançar foguetes de propulsão sólida, que é o próximo nível na competição de lançamento de foguetes.

Para finalizar, gostaria de agradecer a todos do campus que se esforçaram para que estivéssemos lá. Agradeço especialmente à Maria Eduarda, Rayka, Emanuelle e Igor pelo empenho e pelos resultados alcançados. Acredito que este evento e experiência ficarão marcados na vida de cada um. Gostaria também de agradecer a todos os estudantes que participaram da MOBFOG e abraçaram a ideia. Digo que no ano que vem tem mais e conto com todos vocês novamente. 

 

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