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19 de Abril - Dia do Índio

publicado: 18/04/2019 11h25, última modificação: 18/04/2019 11h25

A Luta dos Povos Indígenas é de tod@s Nós!!!

* Por Pablo Matos Camargo

Atualmente, vivem no Brasil mais de 800 mil indígenas, pertencentes a cerca de 305 povos, falando 274 línguas. Uma diversidade única que a sociedade e a política pública ignoram e é invisível.

Em Minas Gerais, há 16 etnias indígenas. As etnias são: Maxakali, Xakriabá, Krenak, Aranã, Mukuriñ, Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, Catu-Awá-Arachás, Kaxixó, Puris, Xukuru-Kariri, Tuxá, Kiriri, Canoeiros, Kamakã e Pankararu.

Essas 16 etnias que vivem no Estado são pertencentes ao tronco linguístico Macro-Jê e contam, aproximadamente, com mais de 20 mil indivíduos. Há uma grande população de indígenas que vivem nos centros urbanos. Estima-se que na região metropolitana de Belo Horizonte tenha de dois mil a três mil indígenas. O número de etnias também não é estático, sendo que o processo de etnogêneses e as migrações são dinâmicos.

Toda esta diversidade e suas cores, formas, espiritualidade, corpos, são violentados sistematicamente há séculos e resistem ao expurgo, ao vírus, ao tiro e a toda a estupidez do contato. A luta dos povos indígenas é de todos nós, ou deveria ser.

As terra indígenas, que são hoje, aproximadamente, 12% do território nacional, sobretudo na Amazônia legal, é o que protege a floresta, a água, a biodiversidade do País. Se não houvesse os territórios indígenas, já teríamos perdido muito mais do meio ambiente, pois a fronteira agrícola, as atividades minerárias, de geração de energia, de monocultura, com todo seu viés desenvolvimentista, contrapõem com a cosmologia indígena do território.

O território indígena não é para ser utilizado apenas para as produções econômicas, mas para a reprodução simbólica do espaço. A territoriedade das comunidades tradicionais é que moldam a diversidade destes povos e desenham o modo de ser e de estar neste Planeta.

A distopia está próxima, só que não! A esperança ainda é verde e carrega o colorido dos cocares. O verde e a água dos refúgios desta sociedade trazem à tona o grito entrincheirado deste povo.

As terras indígenas sofrem pressão de todos os lados para que atividades econômicas adentrem em seu interior e inviabilize o seu objetivo maior de garantir aos povos indígenas a possibilidade de transmitir às gerações futuras o modo de ser, o espaço simbólico, a cultura de determinado povo. Assim, além de garantir os direitos indígenas constitucionais, elas são e serão (seriam...) ilhas e lugares onde a cultura e o meio ambiente ainda resistam de forma respeitosa. Onde a cidadania e o direito a Vida prevalecem ao caos da sociedade vigente.

É claro que não podemos idealizar as terras indígenas e os povos indígenas como sociedades idílicas, imutáveis ou coisa parecida. O que se discute é o massacre destas sociedades diversas em decorrência de uma ideologia dominante regida pelo capital. O que está em jogo não são os modelos sociais, e sim como em uma sociedade contemporânea não temos a capacidade de respeitar o diferente, o outro, exercer a alteridade de forma cidadã. Positivar a troca, o intercâmbio, a ressignificação.

A distopia chegou! Vivemos hoje este Admirável Mundo Novo, o nosso Grande Irmão dos novos tempos... Não estaríamos em 1984? Isto é 2019!

As montanhas de Minas com suas cachoeiras ainda resistem a serem vales, à Vale! Quanto vale o preço do minério no mercado da miséria humana? Quanto vale o rio Doce moribundo, o Watu dos Borun? Quanto vale o Rio Paraopeba? Não Vale!

A Luta dos Povos Indígenas pelo seu território é de tod#s nós!!!

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* Historiador e Indigenista da
Fundação Nacional do Índio (FUNAI) - Regional MG-ES.

> Esta ação comemorativa integra a Agenda Verde, iniciativa do Projeto Sala Verde - Núcleo de Educomunicação Ambiental - IFMG-GV.