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"Navegar é preciso"
Da esquerda para a direita : Sara Oliveira, que estuda no Centro Universitário Newton Paiva e duas alunas do IFMG: Lorena Costa, do Campus Sta Luzia e Ríssia Zacarias, do Campus Ouro Branco.
“E você, aluno, que entrou no IF agora, é importante que valorize todos os bons profissionais. Tudo o que eu aprendi desde que entrei na graduação foi fundamental para que eu chegasse até aqui e sem receio do que estou fazendo ”
O conselho foi dado em um vídeo gravado pela estudante de Física no Campus Congonhas, Maria Luiza Guimarães, com a confiança de quem encarou e venceu um desafio. Ao lado dela, outro discente do IFMG complementa: “não somos apenas nós que estamos aprendendo, também estamos ensinando a eles”. Seu nome é Jônatas Ferreira, também aluno de Física, do Campus Ouro Preto.
Maria Luiza e Jônatas foram para Portugal em fevereiro deste ano para estudar no Instituto Politécnico de Bragança. Eles integram um grupo de nove alunos do IFMG aprovados no último edital do Internacionaliza, programa que promove o intercâmbio entre estudantes do Instituto e instituições parceiras.
É na Escola Superior de Educação onde Jônatas desenvolve sua principal atividade enquanto intercambista: uma pesquisa sobre materiais didáticos para o ensino de conteúdos relacionados à nanotecnologia. Maria Luiza estuda ali perto, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, pesquisando sobre otimização de células solares para a produção de energia.
Esses trabalhos são o foco do Internacionaliza. Para ser admitido, o aluno deve apresentar e, posteriormente, desenvolver um projeto com perfil de iniciação científica. Há sempre um orientador no Brasil e um co-orientador na instituição parceira. “O estudante deve ser protagonista do intercâmbio e é incentivado a participar de atividades extracurriculares. O objetivo não é que ele ou ela estude algumas matérias para ‘aproveitá-las’. Queremos que esse aluno agregue outras experiências para trazê-las e aplicá-las aqui”, explica Ana Cristina Costa, diretora de Relações Internacionais do IFMG.
Premiado
"Conheci pessoas de vários países, foi sensacional dialogar com cada uma delas e conhecer um pouco mais de cada cultura. Espero dar o máximo em desenvolver minha pesquisa e levar meus conhecimentos daqui” - ( Breno Mendonça, aluno de Engenharia Mecânica no Campus Avançado Arcos )
Foi com esse espírito empreendedor que Breno Mendonça, estudante de Engenharia Mecânica no Campus Avançado Arcos, conseguiu a terceira colocação em um concurso de inovação e desenvolvimento: o Made in Isep, promovido pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto (Isep), uma das escolas do Instituto Politécnico do Porto. Desenvolvido em parceria com mais quatro colegas de Arcos, o “Descascador de grãos de café mecanizado” competiu entre outros 40 projetos desenvolvidos em todo o continente europeu.
Apesar do sucesso, o invento não é o foco dos estudos de Breno em Portugal. “Minha pesquisa tem como tema combustíveis adulterados, sua influência em motores de combustão interna e o desenvolvimento de um sensor detector de adulteração.”, relata. Sobre a experiência como intercambista, ele só tem elogios: “Conheci pessoas de vários países, foi sensacional dialogar com cada uma delas e conhecer um pouco mais de cada cultura. Espero dar o máximo em desenvolver minha pesquisa e levar meus conhecimentos daqui”.
Novidade
Há mais um viajante além dos nove alunos do IFMG que viajaram a Portugal. Paulo Mendanha é servidor do Campus Itabirito, onde trabalha como tradutor intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Fico muito satisfeito em estar contribuindo para garantir a acessibilidade na formação de um aluno surdo, que busca se qualificar e desenvolver um projeto de pesquisa fora do país”, comemora.
(Na foto, da esquerda para a direita: Paulo Mendanha e três alunos do IFMG: Millena de Sousa, Filipe Brison e Breno Mendonça)
O estudante em questão é Filipe Brison, que cursa Engenharia Elétrica no Campus Itabirito, o primeiro discente surdo do Instituto a participar do Internacionaliza. Paulo explica que, ao contrário dos alunos ouvintes, Filipe precisa também superar a barreira linguística, pois a Língua Gestual Portuguesa (LGP) é bem diferente da Libras. “O Filipe desenvolve sua pesquisa e participa das aulas no Instituto Superior de Engenharia do Porto. Assim que chegamos, participamos de uma aula com alunos e professores do curso superior de Licenciatura em Tradução e Interpretação de LGP e a troca de experiências foi muito enriquecedora. Acredito que essa experiência poderá servir de inspiração para outros surdos no Brasil.”
Acesso e sucesso
Ampliar os horizontes das pessoas, facilitando seu acesso em instituições de ensino é também o tema pesquisado por Lorena Costa, estudante de Arquitetura e Urbanismo no Campus Santa Luzia. Matriculada no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), ela realiza um levantamento dos acessos e circulações na biblioteca local para, posteriormente, fazer comparações com a acessibilidade no IFMG.
“Acredito que a nossa capacidade, força e dedicação para realizar esse sonho, nos trouxe até o ponto onde nos encontramos hoje”. A fala de Lorena é um bom resumo do que foi relatado pelos outros 27 alunos que já passaram pelo Internacionaliza desde o lançamento do primeiro edital, em 2016. Esforço, persistência e dedicação são atitudes citadas pela maioria dos atuais e ex-intercambistas, inclusive Ríssia Zacarias, que cursa Pedagogia no Campus Ouro Branco. Para ela, realizar o sonho do intercâmbio exige renúncias, mas trata-se de uma experiência única e impulsionadora.
A pesquisa de Ríssia no Instituto Politécnico da Guarda analisa a construção de conceitos científicos no aprendizado de crianças. A futura pedagoga fica em Portugal até 30 de julho, quando voltará ao Brasil após cinco meses de estudos, entusiasmada e cheia de ideias. “Hoje, olho para minha vida com muito orgulho do que venho conquistando. Ser mulher e negra ocupando lugar no meio acadêmico científico, historicamente dominado por homens e brancos, é uma forma de lutar contra a segregação que tenta limitar nosso lugar na sociedade”.
Ríssia (à direita) e colegas do Instituto Politécnico da Guarda (Foto: Carlos Santos).
Internacionaliza é o programa de mobilidade acadêmica do IFMG voltado aos estudantes de graduação que desejam desenvolver pesquisas, por meio de intercâmbio estudantil, de até cinco meses, com algumas instituições de ensino superior de portuguesas: os Institutos Politécnicos de Bragança, Guarda e Porto.
O programa oferece auxílio financeiro aos estudantes selecionados para custeio parcial de despesas como alojamento, alimentação, seguro viagem internacional e passagens aéreas. Podem participar da seleção os alunos de todos os campi, matriculados em cursos de graduação, desde que atendam aos seguintes requisitos:
• Ter concluído no mínimo 20% e no máximo 80% da matriz curricular à qual está vinculado
• Coeficiente de Rendimento Acadêmico Global de no mínimo 70, no momento da candidatura
• Não ter sido contemplado com bolsa de graduação em outro país ou selecionado para atividades no exterior com recursos da Instituição.
• Breno Mendonça - Campus Avançado Arcos | Instituto Politécnico do Porto
• Filipe Brison - Campus Itabirito | Instituto Politécnico do Porto
• Gabriel Alan Dias Miranda - Campus Sabará | Instituto Politécnico de Bragança
• Jônatas Ferreira - Campus Ouro Preto | Instituto Politécnico de Bragança
• Lorena Costa - Campus Santa Luzia - Instituto Politécnico da Guarda
• Luiz Henrique Bicalho Campos - Campus São João Evangelista | Instituto Politécnico do Porto
• Maria Luiza Guimarães - Campus Congonhas | Instituto Politécnico de Bragança
• Millena Bragança de Sousa - Campus Ribeirão das Neves | Instituto Politécnico do Porto
• Ríssia Zacarias - Campus Ouro Branco | Instituto Politécnico da Guarda