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Estudante do Campus Congonhas alça voos artísticos em Portugal

Com a exposição “Ser Pássaro”, a artista Ana Calline Teixeira Vital expressa seu carinho aos colegas que dividiram as dores e delícias de um intercâmbio.

publicado: 25/01/2024 10h28, última modificação: 05/03/2024 08h43

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Os estudantes e servidores do IFMG tem dado show de bola nas ações de intercâmbio e mobilidade acadêmica pelo mundo. Somos destaque em pesquisa e iniciação científica, inovação tecnológica, iniciativas sustentáveis e, agora, no cenário artístico. E quem nos representa é a estudante Ana Calline Teixeira Vital, do 9º período do curso de Licenciatura em Letras, do Campus Congonhas, uma das cinco intercambistas selecionadas pelo Programa Internacionaliza IFMG (Edital 27/2023) para ter a experiência de estudar 20 semanas (um semestre) no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), em Portugal.

Em janeiro, a Escola Superior de Educação de Bragança, por meio dos cursos de Arte e Design, e Produção e Animação Artística, promoveu a Mostra Artística 2024, um evento que reuniu performances e obras de artes em diversas linguagens das artes visuais, dança, música, teatro, recital de poesia, artes circenses de alunos e/ou ex-alunos do instituto politécnico.

A estudante cearense, mas que adotou Minas Gerais como segunda casa, apresentou a exposição “Ser Pássaro”, uma série de colagens botânicas que expressa a gratidão e o carinho da artista para com as pessoas que estiveram com ela durante o período de intercâmbio. E o talento foi reconhecido! “Recebi muitos elogios de funcionários, colegas e professores de vários cursos, além do carinho emocionado vindo das pessoas representadas nas colagens. Escolhi algumas pessoas que foram importantes para o meu período aqui, sobretudo os meus colegas do IFMG, que por seis meses foram como verdadeiros irmãos", relembrou.

Segundo a artista, o encanto pelas artes vem desde a infância e incentivado pelos pais. “Cresci em uma casa simples, mas sempre fui estimulada pelos pais com leitura, música e artes manuais. Meu pai, por exemplo, estudou até a 4ª série, mas cresci ouvindo dele que a arte nos sensibiliza e nos humaniza”, revelando o estímulo familiar.

O interesse pelas colagens começou por meio da personalização dos cadernos de escola. “Aprendi com a minha mãe a fazer ‘grude’, uma espécie de cola preparada com fécula de mandioca e água. A partir daí, nunca parei de fazer colagem, inclusive, entre os anos de 2016 a 2022, trabalhei com encadernação tradicional e uma técnica chamada mixed media para personalizar os livros que produzo. O objetivo é criar texturas únicas, misturando materiais como ferro, madeira, plástico, papel, tecido e tintas sobre qualquer superfície”, disse ela.

Balanço do intercâmbio

Desde setembro de 2023 em Portugal, a estudante já começa a arrumar as malas para retornar ao Brasil em fevereiro e faz um balanço sobre como foi sua experiência artística e acadêmica em terras portuguesas. “Aproveitei ao máximo esse intercâmbio e posso afirmar que foi uma experiência transformadora. No livro ‘O Conto da Ilha Desconhecida”, José Saramago escreveu: “É necessário sair da ilha para ver a ilha”. Essa frase resume totalmente essa experiência para mim, porque ao vir pra cá eu tive dimensão da qualidade e excelência do ensino superior no Brasil e como isso é valorizado aqui, principalmente por professores dedicados à pesquisa”, frisou Ana Calline.

Turbinando o currículo

Um intercâmbio acadêmico oferece uma série de benefícios significativos que vão além do ambiente acadêmico, proporcionando uma experiência enriquecedora e transformadora.

“O IPB é um verdadeiro caldeirão cultural e, por isso, aprendi muito nos corredores trocando ideias e consumindo a cultura do outro, praticando a alteridade e me enxergando fora da minha bolha. Porém, aproveitei a oportunidade para potencializar o meu currículo. Além da exposição na Mostra Artística, fiz um estágio extracurricular no Museu do Abade de Baçal, um local de referência para a Arqueologia em Portugal. E, em parceria com uma colega do Instituto Federal de Goiás (IFG) e uma professora do IPB, estou desenvolvendo um trabalho científico sobre metodologias no ensino de Literatura”.

A dedicação já rendeu bons frutos. A convite da coordenação do curso de Relações Lusófonas, a estudante produziu um material sobre as mulheres imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL). Esse material (um PDF com a história das mulheres imortais da Academia) fará parte dos recursos fornecidos às próximas turmas da disciplina de Literaturas e Culturas Lusófonas. E, em breve, participará como palestrante do evento ‘Jornadas Poesia e Performance II: Corpo Manifesto', promovido pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

“É preciso SER PÁSSARO para desejar e impulsionar um voo longe”

A analogia acima evoca uma reflexão profunda sobre a natureza efêmera da vida e as transformações que experienciamos ao longo do tempo. “Junto aos retratos dessas pessoas, há pássaros que cochicham ao pé do ouvido melodias de incentivos e agradecimento pela alegria do encontro. Além dos elementos da colagem, cada texto é uma estrofe de um poema livre que se forma no fim”, revelando que as folhagens representam a volta para casa, ou seja, o retorno ao Brasil. “São plantas que, geralmente, ficam ao pé das portas de entrada dando boas vindas aos bons de coração e purificando os lares de pessoas simples e gentis. Faz parte da nossa identidade”, detalha.

Sobre a dualidade da vida, a busca por segurança e a coragem de explorar o desconhecido, Ana Calline menciona que é impossível ser o mesmo depois de vivenciar um lugar ou uma experiência. “Não seremos os mesmos depois dos aprendizados e encontros felizes de Bragança”, disse ela ao revelar que após finalizar a graduação, deseja iniciar um mestrado em Literatura.

O trabalho da artista pode ser acompanhado nas redes sociais pelo Instagram (@craftserendipity) ou pelo YouTube, no canal https://www.youtube.com/c/PeloAmorAna, espaço com tutorial para a criação de colagens, mail art, reciclagem, encadernação, scrapbooking, além de abordar temas como consumo consciente e responsável.

Internacionaliza IFMG

Lançado em 2016, o Internacionaliza IFMG é um programa de mobilidade acadêmica internacional que conta com recursos do próprio Instituto. O objetivo é promover complementação de formação acadêmica dos estudantes, por meio de intercâmbio em instituições de ensino no exterior. Os estudantes selecionados contam com auxílio financeiro para custear as despesas com a permanência no exterior (alimentação e acomodação/moradia); seguro médico internacional; e passagens aéreas de ida e volta. Além disso, o programa visa estreitar as relações entre o IFMG e outras instituições de renome internacional.